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Como descobrir se alguém está mentindo? Da série Lie to Me (Engane-me se puder)

  • Foto do escritor: Maristela Tamazzia
    Maristela Tamazzia
  • 4 de set. de 2018
  • 5 min de leitura

Não parece novidade que as séries americanas disparam na quantidade de expectadores. Pessoalmente, adoro os seriados policiais, filmes de ação que tenha um norte investigativo. O que sempre me intrigou nesses filmes, motivo para ser afeta a área de psicologia, foi o desejo de descobrir a verdade sobre determinado fato. De certa forma, a mente humana intriga.



Para existir a leitura corporal é necessário que a pessoa exprima sentimentos, ou seja ela precisa ser instigada a externar determinadas expressões. Como o ser humano é mentiroso, por natureza, antes de analisar diretamente as expressões esboçadas por alguém sugere-se que se analise as expressões verdadeiras. Ou seja, veja como ela reage em uma conversa informal falando somente fatos verdadeiros. Isso porque é mais fácil conhecer as expressões de uma determinada pessoa quando fala a verdade para, após verificar como se dá as mesmas expressões ao contar uma mentira.


O processo de detecção da mentira é meticuloso, pois é preciso conhecer a pessoa que será entrevistada deixando-a à vontade para conversar sobre aspectos gerais da vida, de forma a estabelecer um padrão de comportamento.

No início de sua oitiva é preciso deixar a pessoa tranquila e após fazer indagações lógicas, das quais você sabe que será obtido a verdade. Por exemplo, perguntar qual comida gosta mais, ou seu hobby favorito, estimular que a pessoa fale mais a respeito. Após isso sugere-se fazer perguntas capciosas, quais sejam: aquelas que podem dar margem a mentiras![1]


O passo seguinte reside na análise do grupo de fatores, de reações apresentadas pelo entrevistado de modo que a soma de sinais identificadores da mentira possa entregá-lo.

As três principais áreas que merecem atenção, segundo David Craig, são as de contato visual, frequência ao piscar e movimento ocular:


“Mover-se horizontalmente ou diagonalmente para cima – para a direita (a sua direita) se ele estiver se lembrando de algo que realmente aconteceu. Isso indica que ele realmente vivenciou aquilo que está lhe contando; ou

Mover-se horizontalmente ou diagonalmente para cima – para esquerda (a sua esquerda), se ele estiver criando algo sobre o qual nunca ouviu falar. Isso indica que ele nunca viu nem ouviu aquilo de que está falando[2]


Evidente que essa técnica não é absoluta, ou seja não é somente os olhos que entregam, muito pelo contrário, para se ter uma confirmação precisa é necessário se ater a outros fatores que associados demonstram a mentira (ou confirmam a verdade).


Por exemplo, o mentiroso gosta de cobrir a boca e alguns chegam a tocar o nariz, este porque a mucosa nasal fica repleta de sangue provocando sensação de coceira. A respeito daquele, trata-se de uma reação natural, uma vez que a pessoa tem conhecimento que está faltando com a verdade e objetiva afagar o que fala (reação espontânea).[3]


O sorriso também pode encobrir mentira, mas também pode ser um grande facilitador para descobri-la, isso porque o sorriso espontâneo mexe com todos os músculos do rosto, contudo o sorriso falso envolve apenas a parte inferior do rosto e desaparece rapidamente.[4]


Na realidade a boca é um grande revelador de mentiras, não pela parte falada, mas pelas expressões que podem ser interpretadas. David Craig relaciona os seguintes sinais:


· Esconder a boca ou juntar os lábios com as mãos (às vezes com ajuda de um objeto – caneta);

· Colocar o polegar sobre o queixo e o indicador sob os lábios;

· Sorriso falso e o verdadeiro (abordado anteriormente);

· Bocejos no intuito do mentiroso parecer que fala a verdade (neste caso, pode voltar as perguntas padrão e perceber que ele(a) para de bocejar);

· Lábios secos, pálidos ou retesados.[5]


Importante registrar que tais ações são realizadas de forma involuntária pelo indivíduo, ou seja refletem a programação neurolinguística natural. Assim, quando se opta pela mentira, a boca se torna um grande atrativo para análise devendo ser observada com extrema atenção juntamente com os demais sinais.


Flávio Pavanelli, analisando o livro O Corpo Fala de Pierre Weil, sintetizou as seguintes características físicas que o corpo demonstra conforme o estado de espírito da pessoa:


· O cumprimento com a mão num forte aperto é sinal de que não há restrições. A mão frouxa é sinal de que a pessoa tem medo de ser envolvida.

· Sentando com a pasta ou a bolsa sobre o colo, “protegendo o boi”. Significa que você não está à vontade.

· Pés em direção a pessoa indicam que você se interessa por ela. Se eles estiverem voltados para a porta, é a direção em que o corpo quer ir.

· Com braços cruzados no peito, você não quer mudar a opinião e nem aceitar o que estão lhe falando.

· Puxar os cabelos significa que você busca uma grande ideia. Cotovelos apoiados fazem a delimitação de espaço quando a pessoa sente-se invadida, intimidada.

· Morder a caneta e mexer no queixo mostram que a pessoa está estimando a situação proposta.

· As mãos na frente da boca geralmente significam que a pessoa deseja falar algo, mas não tem a oportunidade ou não sabe ao certo o quê.

· As mãos cruzadas para trás é um sinal que não se concorda muito com o alvo da discussão.

· As mãos fechadas mostram insegurança, como se agarrasse algo para não cair.

· Com as mãos abertas significa que concorda com a situação.

· Se a estufa o tórax, ela quer se impor e se afirmar diante dos outros. O contrário mostra pessoas reprimidas, tímidas ou dominadas pela situação naquele momento.

· Aumento da respiração significa tensão e emoções fortes.

· Roer unhas e estas com as mãos que sempre mexem em tudo, é sinal de tensão.

· Cabeça encolhida entre os ombros significa agressividade.

· Queixo apoiado nas mãos mostra uma espera paciente.[6]


Perceba que o corpo de forma ordenada entrega o indivíduo que falta com a verdade. Exatamente por essa razão que se afirmou anteriormente que somente um sinal não é suficiente para descobrir a mentira, devendo ser atentado várias características que faça concluir a hipótese.


A estudiosa Pamela Meyer enumerou nove dicas para se perceber uma mentira:


· Microexpressões – Pequenas marcas, perceptíveis as vezes em fração de segundos que fazem vazar a real intenção da pessoa;

· Expressões suprimidas – Fingir que uma situação lhe agrada, quando na verdade é insuportável – geralmente detectável através de sorrido falso;

· Padrões musculares confiáveis – existe músculos no corpo que são difíceis de controlar e revelam a veracidade da informação (ex: músculo que aperta as pálpebras e cria o efeito ‘pé de galinha’);

· Índice de piscadelas – reiteradas piscadas demonstram a mentira;

· Dilatação da pupila – excesso de dilatação caracteriza excitação e pode estar sentindo medo ou outras emoções;

· Lágrimas – demonstram sentimento forte, mas também pode ser um grande condutor de mentiras (analisar associado a outros fatores);

· Expressões assimétricas – a simetria está associada diretamente a uma emoção genuína (exceto no desprezo), assim a falta de simetria é um indício de mentira (sorriso torto, narina levantada, etc);

· O momento – as expressões verdadeiras são feitas de forma simultânea ex: pessoa brava cruza os braços e faz ‘cara feia’ no mesmo instante. A diferença temporal na mentira pode ser sutil, mas existe e precisa ser percebida;

· Duração – expressões genuínas são curtas (5-10 segundos), por outro lado expressões falsas tem uma duração maior para esconder a mentira.[7]


Assim, analisando um conjunto de fatores que podem ser esboçados pela pessoa analisada, é possível concluir se ela está mentindo ou não.


Faça testes com crianças (que geralmente são muito expressivas) e após com adultos (de preferência evite familiares e/ou companhias próximas, pois é mais difícil perceber a mentira considerando o afeto envolvido). Por fim, questione se o que foi afirmado é verdade ou mentira. Procure gravar as entrevistas para que você possa rever as expressões e localizar os indícios que deixou de analisar.




Até logo!



REFERÊNCIAS

[1] CRAIG, David. Como identificar um mentiroso. São Paulo: Cultrix, 2013 - p. 63, 65 e 66.


[2] CRAIG, David. Como identificar um mentiroso. São Paulo: Cultrix, 2013 - p. 153-154


[3] MEYER, Pamela. Detector de mentiras: técnicas de interpretação. Petrópolis/RJ: Vozes, 2017 - p. 154.


[4] MEYER, Pamela. Detector de mentiras: técnicas de interpretação. Petrópolis/RJ: Vozes, 2017 - p. 154.


[5] MEYER, Pamela. Detector de mentiras: técnicas de interpretação. Petrópolis/RJ: Vozes, 2017 - p. 90 e ss.


[6] http://flaviopavanelli.com.br/livro-o-corpo-fala-pierre-weil-em-pdf/


[7] MEYER, Pamela. Detector de Mentiras. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2017, p. 99 e ss.

 
 
 

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